Acredito na importância da Psicologia para a Educação principalmente como fonte de conhecimento para auxiliar o professor no fornecimento do suporte necessário para que ele compreenda a sala de aula da época em que vivemos, quais os valores, positivos ou negativos, da juventude atual, e como está a relação aluno-família, família-escola e como conseqüência a relação aluno-escola neste contexto.
É no mínimo ingenuidade profissional o professor afirmar:
“Eles tiram essas notas baixas porque não querem nada! Não estudam!”
“São rebeldes, não querem nada com a hora do Brasil!”
Será que é só isso? Simples assim?
Professores e alunos, via de regra, pertencem a gerações diferentes.
Em geral nós professores fomos educados na época em que imperava a máquina datilográfica, e hoje trabalhamos com jovens que já nasceram em meio a uma revolução tecno-eletrônica. Como bem nos ensina Vigotsky o modo de aprendizagem do ser humano depende em muito do contexto social em que vive.
Lembremos de nossa época de alunos: Quando um professor nos passava um trabalho de pesquisa o que tínhamos que fazer?
Primeiro íamos a uma biblioteca (íamos fisicamente, pegávamos um ônibus até!)
Na biblioteca buscávamos os livros que tinham relação com o conteúdo, cerca de três ou quatro deles, e então líamos e selecionávamos os trechos mais importantes de cada um. Somente depois disso organizávamos o nosso trabalho, muitas vezes escrito à mão. Isso realmente dava trabalho! Pessoalmente preferia as avaliações tradicionais, eram bem menos estressantes.
Bem, e agora, como ocorre a pesquisa escolar? Infelizmente todos sabemos a resposta: Pela internet. Com poucas tecladas os alunos tem acesso a uma enorme quantidade de informações sobre praticamente qualquer tipo de assunto que se possa imaginar. Muitos dos alunos até montam seus trabalhos escolares sem sequer fazer a leitura do seu conteúdo.
Vivemos num mundo de respostas rápidas!
Além da globalização das informações e atual estágio de evolução das tecnologias de comunicação temos outros fatores sociais que implicam seriamente na nossa sala de aula:
Banalização social de valores morais: vulgarização do sexo, uso de drogas, estímulo da violência, danças e músicas abaixo da crítica (muitas das quais trazem a mulher como simples objeto);
Estímulo cada vez maior ao consumismo. O “ter” é considerado muito mais importante que o “ser”.
Degradação das relações familiares. Em muitas famílias os pais, por diversos motivos, não acompanham o crescimento dos seus filhos, e menos ainda o seu desenvolvimento escolar. Alguns dos colegas professores leitores deste texto já atenderam algum pai ou mãe de aluno que só veio lhes procurar para conversar sobre a reprovação do filho depois de findo o conselho de classe da recuperação? Pois é. É comum mesmo.
Com uma boa compreensão da psicologia voltada para a educação passamos a refletir de modo mais crítico sobre todas estas questões, e passamos a ver nossos alunos num contexto mais completo, e não apenas como irresponsáveis tiradores de notas ruins por pura opção da preguiça. E isso não significa que temos que apenas ter “peninha” deles, e passar a “mão pela cabeça”, NADA DISSO. Não é essa a recomendação da psicologia voltada à educação. O professor, agora consciente da “psicosfera” em que vive, deve direcionar o seu trabalho no sentido de desenvolver estratégias de abordagem dos temas de sua disciplina de forma que provoque a "sedução intelectual" do seu aluno, para tanto, por exemplo, David Ausubel, na sua teoria da aprendizagem significativa, nos dá boas orientações.
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